il colosseo

Jogos inaugurais do Coliseu

Mapa da Roma medieval representando o Coliseu.

Os jogos inaugurais do Coliseu tiveram lugar ano 80 d.C., sob o mandato de Tito, para celebrar a finalização da construção. Depois do curto reinado de Tito começar com vários meses de desastres, incluindo a erupção do Vesúvio, um incêndio em Roma e um surto de "peste", o mesmo imperador inaugurou o edifício com jogos pródigos que duraram mais de cem dias, talvez para tentar apaziguar o público romano e os deuses. Nesses jogos de cem dias teriam ocorrido combates de gladiadores, "venationes", lutas de animais, execuções, batalhas navais, caçadas e outros divertimentos numa escala sem precedentes.

[editar] Espetáculos

No Coliseu eram realizados diversos espectáculos, com os vários jogos realizados na urbe. Os combates entre gladiadores, chamados muneras, não eram pagos pelo Estado, mas sim por indivíduos em busca de prestígio e poder.

Outro tipo de espetáculos era a caça de animais, ou venatio, onde eram utilizados animais selvagens importados de África. Os animais mais utilizados eram os grandes felinos como leões, leopardos e panteras, mas animais como rinocerontes, hipopótamos, elefantes, girafas, crocodilos e avestruzes eram também utilizados. As caçadas, tal como as representações de batalhas famosas, eram efetuadas em elaborados cenários onde constavam árvores e edifícios amovíveis. Estas últimas eram por vezes representadas numa escala gigante; Trajano celebrou a sua vitória em Dácia no ano 107 com concursos envolvendo 11 000 animais e 10 000 gladiadores no decorrer de 123 dias.

Segundo o documentário produzido pelo canal televisivo fechado History Channel, o Coliseu também era utilizado para a realização de naumaquias, ou batalhas navais. O coliseu era inundado por dutos subterrâneos alimentados pelos aquedutos que traziam água de longe. Passada esta fase, foi construída uma estrutura, que é a que podemos ver hoje nas ruínas do Coliseu, com altura de um prédio de dois andares, onde no passado se concentravam os gladiadores, feras e todo o pessoal que organizava os duelos que ocorreriam na arena. A arena era como um grande palco, feito de madeira, e se chama arena, que em italiano significa areia, porque era jogada areia sob a estrutura de madeira para esconder as imperfeições. Os animais podiam ser inseridos nos duelos a qualquer momento por um esquema de elevadores que surgiam em alguns pontos da arena; o filme "Gladiador" retrata o funcionamento dos elevadores. Os estudiosos, há pouco tempo, descobriram uma rede de dutos inundados por baixo da arena do Coliseu. Acredita-se que o Coliseu foi construído onde, outrora, foi o lago do "Palácio Dourado de Nero"; O imperador Vespasiano escolheu o local da construção para que o mal causado por Nero fosse esquecido por uma construção gloriosa.

"A última prece do mártires cristãos", por Jean-Léon Gérôme (1883).

Sylvae, ou recreações de cenas naturais eram também realizadas no Coliseu. Pintores, técnicos e arquitectos construiriam simulações de florestas com árvores e arbustos reais plantados no chão da arena. Animais seriam então introduzidos para dar vida à simulação. Esses cenários podiam servir só para agrado do público ou como pano de fundo para caçadas ou dramas representando episódios da mitologia romana, tão autênticos quanto possível, ao ponto de pessoas condenadas fazerem o papel de heróis onde eram mortos de maneiras horríveis mas mitologicamente autênticas, como mutilados por animais ou queimados vivos.

Embora o Coliseu tenha funcionado até o século VI, foram proibidos os jogos com mortes humanas desde 404, sendo apenas massacrados animais como elefantes, panteras ou leões.

[editar] Os cristãos e o Coliseu

Os relatos romanos referem-se a cristãos sendo martirizados em locais de Roma descritos pouco pormenorizadamente (no anfiteatro, na arena...), quando Roma tinha numerosos anfiteatros e arenas. Apesar de muito provavelmente o Coliseu não ter sido utilizado para martírios, o Papa Bento XIV consagrou-o no século XVII à Paixão de Cristo e declarou-o lugar sagrado. Os trabalhos de consolidação e restauração parcial do monumento, já há muito em ruínas, foram feitos sobretudo pelos pontífices Gregório XVI e Pio IX, no século XIX

[editar] Utilização no fim do Império Romano do Ocidente

O monumento permaneceu como sede principal dos espetáculos da urbe romana até o período do imperador Honório, no século V. Danificado por um terremoto no começo do mesmo século, foi alvo de uma extensiva restauração na época de Valentiniano III. Em meados do século XIII, a família Frangipani transformou-o em fortaleza e, ao longo dos séculos XV e XVI, foi por diversas vezes saqueado, perdendo grande parte dos materiais nobres com os quais tinha sido construído.

[editar] Arquitetura e dimensão social

Outro ângulo do Coliseu
Vista da fachada original do Coliseu.

O Coliseu, como não estava inserido numa zona de encosta, enterrado, tal como normalmente sucede com a maioria dos teatros e anfiteatros romanos. Em vez disso, possuía um "anel" artificial de rocha à sua volta, para garantir sustentação e, ao mesmo tempo, esta substrutura serve como ornamento ao edifício e como condicionador da entrada dos espectadores. Tal como foi referido anteriormente, possuía três pisos, sendo mais tarde adicionado um outro. É construído em mármore, pedra travertina, ladrilho e tufo (pedra calcária com grandes poros). A sua planta elíptica mede dois eixos que se estendem aproximadamente de 190 metros por 155 metros. A fachada compõe-se de arcadas decoradas com colunas dóricas, jónicas e coríntias, de acordo com o pavimento em que se encontravam. Esta subdivisão deve-se ao facto de ser uma construção essencialmente vertical, criando assim uma diversificação do espaço.

A arena (87,5 m por 55 m) possuía um piso de madeira, normalmente coberto de areia para absorver o sangue dos combates (certa vez foi colocada água na representação de uma batalha naval), sob o qual existia um nível subterrâneo com celas e jaulas que tinham acessos diretos para a arena.Alguns detalhes dessa construção, como a cobertura removível que poupava os espectadores do sol, são bastante interessantes, e mostram o refinamento atingido pelos construtores romanos. Formado por cinco anéis concêntricos de arcos abóbadas, o Coliseu representa bem o avanço introduzido pelos romanos à engenharia de estruturas.Esses arcos são de concreto (de cimento natural) revestidos por alvenaria. Na verdade, a alvenaria era construída simultaneamente e já servia de forma para a concretagem.

Os assentos eram em mármore e a cavea, escadaria ou arquibancada, dividia-se em três partes, correspondentes às diferentes classes sociais: o podium, para as classes altas; as maeniana, sector destinado à classe média; e os portici, ou pórticos, construídos em madeira, para a plebe e as mulheres. O pulvinar, a tribuna imperial, encontrava-se situada no podium e era balizada pelos assentos reservados aos senadores e magistrados. Rampas no interior do edifício facilitavam o acesso às várias zonas de onde podiam visualizar o espectáculo, sendo protegidos por uma barreira e por uma série de arqueiros posicionados numa passagem de madeira, para o caso de algum acidente. Por cima dos muros ainda são visíveis as mísulas, que sustentavam o velarium, enorme cobertura de lona destinada a proteger do sol os espectadores e, nos subterrâneos, ficavam as jaulas dos animais, bem como todas as celas e galerias necessárias aos serviços do anfiteatro.